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- INICIAÇÃO SEM ESCOLA |
Para aqueles que não têm possibilidades de frequentar escolas desse tipo, sobretudo vivendo em lugares onde elas não existem, o problema poderá ser resolvido com a AUTO-IN1CIAÇÃO, isto é, cada um realizando seu próprio esforço com os recursos que tiver à mão. Para isso há duas soluções melhor aplicáveis:
Primeira solução
As escolas já existentes, como, aliás, já foi previsto
na organização da Escola de Aprendizes do Evangelho, promoverão
Cursos por correspondência, com instruções pormenorizadas
e metódicas, enviadas aos interessados pelos meios normais conhecidos,
encarregando-se também da apuração dos resultados nas épocas
próprias.
Segunda solução
Onde quer que residam, os interessados em realizar esse dignificante esforço
de melhoria íntima — libertar-se da ignorância religiosa
e dos enganos retardadores da vida material — poderão promover
sua auto-iniciação da seguinte forma:
1°) Assumirão perante Jesus, diretamente,
o compromisso firme e sincero de se reformarem, solicitando ao mesmo tempo que
benfeitores espirituais desencarnados possam vincular-se ao seu intento, auxiliando-os
e inspirando-os a bem agirem nas diversas etapas do empreendimento.
Farão duas ou três concentrações sucessivas, com
hora marcada, durante as quais se abrirão para o mundo espiritual, até
que se sintam penetrados da certeza de que foram atendidos e estão em
condições de iniciar seu esforço;
2°) Organizarão em seguida um plano
de ação pessoal, levando em conta sua posição social,
condições gerais de vida, compromissos domésticos e possibilidades
de tempo disponível, de forma a realizar seu esforço sem criar
reações ou prejudicar quem quer que seja;
3°) O plano abrangerá as duas partes
já referidas — teórica e prática — como segue:
- a) Estudos e meditações progressivas e metódicas dos
conhecimentos teóricos da Doutrina, que podem ser obtidos pela leitura
das obras da Codificação Espírita, de Emmanuel, André
Luiz e de outros autores conhecidos;
- b) Caso não disponham de tempo e facilidades, poderão adquirir
a obra Iniciação Espírita,
existente para isso mesmo, contendo noções desses conhecimentos
destinados aos principiantes;
- c) Praticagem das regras constantes deste Guia do Aprendiz
para o 1° grau da Escola de Aprendizes, versando sobre combate aos
vícios, maus costumes, maus sentimentos, repressão às más
tendências e defeitos morais.
Com persistência e força de vontade lutarão nesse sentido
durante dois anos, anotando em sua caderneta tudo aquilo que conseguirem realizar;
darão então um balanço nos resultados e na sua posição
atual, concluindo por si mesmos sobre a passagem para o segundo grau.
Novamente se dirigirão ao Divino Mestre em concentrações
diferentes, abrindo-se, como na primeira fase, para as inspirações
do Alto. Se se esforçaram e eliminaram os vícios e modificaram
o trato com seus semelhantes, certamente poderão passar ao grau de servidores,
no qual prosseguirão no combate às falhas ainda existentes e aos
defeitos morais que, então, passarão a ser combatidos com redobrado
vigor.
Ao mesmo tempo iniciarão a parte mais importante da reforma, que é
a prestação de serviços aos semelhantes em geral, não
uma vez ou outra, de forma aleatória, mas como regra de procedimento
habitual, no ambiente doméstico, no social e no de trabalho e por todos
os meios ao seu alcance, inclusive por meio de preces e concentrações
em benefício de necessitados, conhecidos ou não.
Esse trabalho deve ser realizado com discrição, sem alardes, para
evitar reações contrárias ou interferências exteriores,
que podem prejudicar seu aprendizado. Poderão, como medida acertada e
útil, organizar o trabalho de "Evangelho no
Lar", que pode interessar e beneficiar aos próprios familiares
e conhecidos que demonstrem desejo de participação. Essa reunião
poderá com o tempo transformar-se em uma sólida base de trabalho
efetivo em benefício de muitos necessitados, dali se irradiando para
lugares afastados.
Após dois anos desse segundo esforço e balanceados os resultados como já mostramos, alcançados no próprio íntimo e no setor das testemunhações, voltarão os aprendizes às concentrações de consulta ao Plano Maior, em busca de inspirações para novos avanços espirituais, neste caso para saber se estão ou não em condições de encerrar suas atividades como servidores, passando ao grau de discípulos.
A
aprovação para isso será: terem combatido com bons resultados
os defeitos morais ou, no mínimo, os terem reduzido de forma evidente
e profunda; e terem integrado sua nova formação espiritual no
conceito do amor universal. Se
a resposta que receberem de forma evidente e profunda; e terem integrado sua
nova formação espiritual no conceito do amor universal. Se a resposta
que receberem for afirmativa, dirigir-se-ão mais uma vez a Jesus, para
reafirmar sua fidelidade ao serviço do Evangelho, prometendo dedicar-se
daí por diante, definitivamente, à sua propagação
e testemunhação.
Isso obrigará os servidores a um desdobramento de programas e atividades
com uma atuação permanente e definitiva, para a qual aliás
já possuem um bom cabedal de experiências, conhecimentos e condições
intimas. A essa altura já se fizeram verdadeiros espíritas e verdadeiros
cristãos, podendo contar com amplas aberturas no Plano Espiritual e auxílio
poderoso da parte dos benfeitores espirituais, que lhes custodiaram e ampararam
os esforços realizadores.
Se, em todo esse tempo de aprendizado, puder haver o concurso de médiuns,
tudo será facilitado, principalmente o intercâmbio com os Espíritos
desencarnados, com os protetores espirituais e os atendimentos de necessitados
— desde que, bem entendido, os médiuns possuam realmente qualidades
inspiradoras de confiança, o que pode ser verificado, desde o início,
pelos resultados do trabalho deles e as consequências que dele decorrerem,
pois que pelos frutos se conhecem as árvores.
Se, porventura, surgirem dificuldades insuperáveis de soluções
por conta própria, ou não tiverem os interessados capacidade para
organizar sua auto-iniciação, é de todo conveniente solicitarem,
pessoalmente ou por escrito, instruções a escolas já existentes
das quais tenham conhecimento, ou diretamente à Aliança Espírita
Evangélica.
O esforço de reforma íntima, é bom esclarecer, deve ser
executado com todo rigor possível, sem transigências com comodidades
e preconceitos de qualquer ordem, sem prejudicar, como já dissemos, os
deveres comuns domésticos, sociais e de trabalho, mas, muito ao contrário,
exige que estes sejam realizados ainda com maior perfeição, exatidão
e boa vontade.
Nas cidades onde houver um grupo que deseje realizar o esforço por conta
própria, as facilidades serão maiores e, nesse caso, o mais capacitado
e que inspire mais confiança será o dirigente.
Nota: Nada impede que a reforma íntima seja
realizada a título precário por indivíduos isolados ou
em grupos, quando não existam escolas apropriadas, porque evangelizar-se
é um direito de todos; e pontos de vista, preconceitos ou exclusivismos,
mesmo quando partidos de organismos direcionais, não devem servir de
obstáculos a tão necessária e urgente realização
popular. Não podendo ou não desejando levar-lhes o conhecimento,
devem, no mínimo, dar-lhes assistência e orientação
dessa maneira.
Edgard Armond